Quando a PJ é para quem quer ralar
Por Vinícius
Borges*
Está nos
grupos de base. Está nas coordenações diocesanas. Também está em várias outras
instâncias de organização da PJ. Estou falando do recorrente fenômeno dos/as
que não levam a sério a caminhada pejoteira.
Há pessoas
que buscam espaços, organizações e grupos apenas pela parte adocicada. E,
obviamente, não há nada de ruim nisso. A PJ precisa sim ser doce, gostosa,
leve! Mas não se faz pastoral só de doçura. Há as amarguras do dia a dia, os
suores, os cansaços, as noites perdidas. Óbvio também que isso não pode se
tornar uma tortura ou um sadismo. Há limites. Porém, não há como negar a
necessária doação para que algo valha à pena.
Pena que
muitos/as correm na hora da dureza. Não se comprometem. Querem apenas os
momentos de paz tranquila e, como os discípulos acovardados, fogem no dia da
crucificação. Como podemos ver, o fenômeno não é novo.
Há muito/a
pejoteiro/a sem cheiro de base. Há muito/a pejoteiro/a que usa a PJ para se
promover. Há muito/a pejoteiro/a que passa pela PJ e a usa de trampolim para
outro espaço. Despreza o que viveu antes. Se esquece. Trata como algo menor.
Não são todos/as, mas existem muitos/as.
A PJ é aberta
a todos/as. Nem todos/as se sentirão bem na PJ. A PJ não é a última bolacha do
pacote. Porém, há uma história de luta que não pode ser desprezada; jamais.
PJ é para
quem quer ralar. Não há facilidades. Dói ver que muitos somem na hora da dureza
e se apressam para ocupar todos os espaços quando a doçura é presente. E não
falo da galera que começa a caminhada na base. São práticas de muitas
lideranças. Esquecem da base, não se comprometem com os serviços de bastidores,
ignoram as estruturas organizativas, mas se apressam em serem os primeiros da
fila quando os holofotes se oferecem.
Que quem já passou pela PJ não a veja como algo menor e, muito
menos, como um estágio para nada. Que quem se encontrou em outro movimento
possa sempre respeitar a PJ (e eu conheço muita gente assim, graças a Deus).
Que quem continua na PJ saiba que não pode ser coerente com a caminhada dessa
pastoral sem o mínimo compromisso com a estrutura mais essencial e orgânica: o
grupo de base.
Que sejamos
sempre propensos à autocrítica e abertos de coração rasgado ao Evangelho.
*Vinícius
Borges Gomes – coordenador nacional da PJ pelo Regional Leste 2 (Minas Gerais e
Espírito Santo);
**Contato: vinibgpj@gmail.com
***Este é um texto autoral publicado em modo público na rede social do articulista.
***Este é um texto autoral publicado em modo público na rede social do articulista.